O MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia prepara-se para celebrar uma década de existência. Conheça melhor esta instituição que se projeta para o futuro a partir de uma antiga central a carvão.
Uma breve história do MAAT
A meio caminho entre Alcântara e Belém, voltada para o rio Tejo, encontra-se uma das muitas instituições museológicas que nos últimos anos têm surgido na capital portuguesa: o MAAT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia. Com a missão assumida de estimular o discurso crítico e a prática criativa, o MAAT veio contribuir decisivamente para uma área insuficientemente explorada no panorama museológico português: o diálogo com a contemporaneidade. Essa ambição programática está patente na forte declaração visual que é o projeto de arquitetura do novo edifício do museu, assinado pela britânica Amanda Levete.
Mas a "Arquitetura" que o nome da instituição inclui não se esgota aí; nem a "Tecnologia" - sempre presente na programação - se limita à enorme importância que o termo assume no tempo presente. Arquitetura e Tecnologia estão ligadas à própria génese do edifício que serve de base ao atual museu: a Central Tejo, uma central termoelétrica a carvão construída em 1909 para abastecer de eletricidade a região de Lisboa. Após a sua desativação, ocorrida em 1975 como consequência da nacionalização das companhias elétricas, o edifício, que havia sido classificado como Imóvel de Interesse Público em 1986, acolheu, a partir de 1990, o Museu da Eletricidade.
Os primeiros anos do presente século foram de consolidação e restruturação arquitetónica e atualização museológica, processo que culminou na reabertura de portas em 2006 com uma renovada oferta, mais centrada na componente pedagógica. E de resto preludiando a vocação que atualmente assume de instituição que permite revisitar um período da história da produção de eletricidade, assim como de conhecer a arquitetura industrial que lhe está associada. Simultaneamente, serve de plataforma de exposição de arte contemporânea e de fórum para a discussão de temas prementes da atualidade.
Em que consiste o MAAT?
Atualmente, o complexo do MAAT inclui dois núcleos principais. O primeiro é o que compreende as instalações da antiga Central Tejo, visualmente caracterizadas pelo uso de tijolo e ferro, onde se conservam os equipamentos de produção de eletricidade. Mas os diversos espaços da antiga central - Praça do Carvão, Sala das Caldeiras, Sala dos Cinzeiros, etc - não são apenas para apreciação da antiga tecnologia que ali funcionava. Acolhem também exposições dedicadas à produção artística atual e ateliers pedagógicos, sem esquecer uma zona em que se faz o paralelo dos combustíveis fósseis originalmente usados na central com as fontes de energia renovável que atualmente vêm ocupar o seu lugar, uma componente imprescindível para a mensagem de sustentabilidade que hoje não pode deixar de estar presente.
O segundo núcleo principal do MAAT é o que alberga o novo edifício, já icónico, pela sua arquitetura, na paisagem daquela zona de Lisboa. Aqui articulam-se quatro espaços expositivos: a Galeria Principal, situada no piso inferior e contando com uma área de 1000 m2; a Galeria Oval, com 800 m2, que permite ao visitante acompanhar por dentro a forma do edifício; e a Video Room e Project Room, dois espaços aptos a receber obras audiovisuais e projetos de arte de natureza muito diversa.
O acesso ao MAAT também não foi descurado. A tradicional barreira da linha de comboio, que dificultava a passagem para a frente ribeirinha, foi ultrapassada com a construção de um acesso pedonal aéreo que se liga à cobertura do edifício, permitindo depois descer até à entrada principal. E para reforçar a componente sustentável do complexo, concebeu-se uma zona ajardinada que confere ao conjunto uma "almofada" de proteção visual e sonora relativamente às vias de circulação automóvel que lhe são próximas.
Quanto à programação, a arte nacional e internacional tem um papel central, mas existem várias outras propostas de atividades, desde workshops temáticos a conferências e discussões, uns e outras promovidos em torno das propostas expositivas do momento. Para estar sempre atualizado, nada como subscrever a newsletter que a instituição disponibiliza através do seu site.
Um Museu Único
Na reta final de uma década de existência, o MAAT continua a estimular o fazer e o pensar a partir de uma premissa sem paralelo na paisagem museológica portuguesa. Por um lado, articular três áreas principais de intervenção - arte, arquitetura e tecnologia; por outro, inverter a lógica tradicionalmente proposta pelos museus: em vez de partir do presente para viajar ao passado, partir do passado para chegar ao presente... e vislumbrar o futuro.
Crédito fotográfico: Susanne Nilsson (licença: CC BY-SA 2.0)